sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Subsídio para o Chimarreando com o Pós 2


Para uma boa prosa com o Pe. Livio é bom estar bem preparado! Não deixe de ler este artigo recomendado pelos Monites de Pós 2 pra ninguém ficar perdido na hora ;)


Estudo indica que religião pode acabar em 9 países ricos

Dados de censos colhidos desde o século 19 indicam que a religião pode ser extinta em nove nações ricas que foram analisadas em um estudo científico.
A pesquisa identificou uma tendência de aumento no número de pessoas que afirmam não ter religião na Austrália, Áustria, Canadá, Finlândia, Irlanda, Holanda, Nova Zelândia, Suíça e República Tcheca --o país com o índice mais elevado, com 60%.
Usando um modelo de progressão matemática, o levantamento --divulgado durante um encontro da American Physical Society-- mostra que as pessoas que seguem alguma religião vão praticamente deixar de existir nestes países. 
Na Holanda, por exemplo, 70% dos holandeses não terão religião alguma até 2050. Hoje, esse grupo é de 40% da população.
"Em muitas democracias seculares modernas, há uma tendência maior de as pessoas se identificarem como sem uma religião", afirma Richard Wiener, que trabalha em um centro de pesquisa em ciência avançada, subordinado ao departamento de física da Universidade do Arizona.
A pesquisa seguiu um modelo de dinâmica não-linear que leva em conta fatores sociais e a influência que exercem em uma pessoa a fazer parte de um grupo não-religioso.
Os parâmetros se mostraram semelhantes em vários países pesquisados, indicando que a religião está a caminho da extinção nessas nações.

                                               Retirado do jornal: Folha de São Paulo




COMENTÁRIO
Pe. Livio Masuero
A noticia é interessante e deve ser lida com cuidado. Dizer-se "sem religião" não é a mesma coisa que dizer-se "ateu". O Ateu é sem religião, mas nem todo o sem religião é ateu. Há aqueles que acreditam em Deus e até cultivam formas de espiritualidade, mas não se filiam a nenhuma religião ou Igreja histórica: estes são "sem religião", mas não "ateus". A tendência aparece também no Brasil. Não sei dos dados do último senso e nem sei se isto foi abordado, mas no de 2000, o grupo que mais tinha crescido era o dos "sem religião" e já estava em terceiro lugar, depois de católicos e evangélicos. Mas se formos fazer uma pesquisa de campo e olhar para o universo de crenças e de práticas, creio que já seja o primeiro.
É motivo de alarme? Acho que não. Há pouco tempo atrás, li um livro em que a autora (Ursula King) mostrava que hoje há uma sede de espiritualidade, mas não necessariamente de religião. Ela falava do fenômeno da espiritualidade sem religião. Sei que muitos ficam perturbados com isto. Pensei, quando li o livro, que, no passado, no âmbito do Cristianismo, em alguns extratos da população, assistíamos a uma religião sem espiritualidade, e isto não causava preocupação ou escândalo. No entanto, religião sem espiritualidade é muito pior do que espiritualidade sem religião.
O que estes dados estão nos dizendo? Penso que seja uma purificação, um convite a vivermos mais o essencial, aquilo que a Palavra de Deus nos propõe, mas nem sempre ouvimos.

Por que estes não têm religião?

Porque nunca se encontraram com o Deus verdadeiro? Por que a religião tem formas ultrapassadas e que não se encaixa com a nova visão do mundo moderno? Porque lhes foi mostrada uma imagem falsa de Deus? Porque a religião, com o ressurgimento do fundamentalismo, começou a mostrar uma face retrógrada e intolerante? Por que o mundo precisa de síntese, e a religião nunca mostrou esta face e saíram a fazer a sua síntese pessoal? Por que o mundo vive o relativismo? O comodismo? O Individualismo? Por que existe o pecado no coração humano?
Tudo isto e talvez muito mais. Em todo caso vejo aqui um duplo convite: a vivermos a autenticidade da fé e a mostrarmos a verdadeira face de Cristo, aquele, no qual - e somente nele - se esclarece o mistério do homem (de hoje e de todos os tempos); e, ao mesmo tempo, em viver um cristianismo mais leigo, em que leigos profundamente comprometidos e santos - sem serem peigas - sejam o ponto de encontro entre esta cultura nova e a fé.